02 abril 2012

"Arte são atitudes pessoais" 
"Faço o osso do estranho" 
(Marcos Coelho Benjamim)
A repetição de ritmos, de gestos gráficos e o gosto pela geometria caracterizam a produção do artista Marcos Coelho Benjamim, que estima particularmente o objeto gasto e abandonado. Aproveita-o e, ao fazê-lo, infunde-lhe vida novamente. Adiciona seu trabalho ao trabalho do artesão que um dia se ocupou em dar forma à matéria bruta com vistas a incorporá-la à ordem dos homens. Como os artesãos, Benjamim gosta do contato com durezas, com superfícies ásperas, com a qualidade discreta embora imensa que as texturas das coisas vai segredando às mãos. Ele sabe que a potência do olho esbarra na incapacidade de perceber que as coisas são moradas secretas que tanto podem abrigar o peso como a leveza, o calor como o frio; podem inspirar cuidado ou insinuar que atravessarão incólumes o fluxo do tempo. 
As obras do artista parecem provocar no espectador a sensação de estar diante de um jogo. Madeira e metal como chapas e chapinhas recortadas, dobradas, justapostas ou apicoadas transformam-se em superfícies diversas, que seduzem o público. Como um fazedor de grandes e pequenas construções poéticas – que guardam “experiências da infância despreocupada” –, Benjamim parece ter o domínio da medida exata, demonstrando-se mestre de contenção minimalista. 

Nascido em Nanuque, Minas Gerais, em 1952, o artista plástico autodidata dá sentido à uma vocação inteiramente assumida, a do fazedor, isto é, o poeta que transpira em atos os desejos, construindo com o trabalho, para dar corpo à substância dos sonhos.