10 outubro 2008

Assinatura Maxakali

Estampa assinada Maxakali - 'Mitos'
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Entre as centenas de povos que habitam a extinta Mata Atlântica, os grupos de língua Maxakali estão entre os raros que não deixaram apagar sua refinada arte de viver, sua língua, seus cantos, ainda que o façam na contramão do mundo que os envolve.
São hoje cerca de 1.300 pessoas que após mais de 300 anos de contato com as frentes devastadoras que os expulsaram sucessivamente de onde viviam, se agruparam e se refugiaram em um pequeno território no nordeste do estado de Minas Gerais, na fronteira com a Bahia.
Embora as terras em que vivem tenham perdido grande riqueza das antigas matas atlânticas e estejam cobertas de capim, os Maxakali prosseguem obstinados a renovar dia-a-dia um acurado conhecimento da fauna e da flora por meio dos seus cantos - uma verdadeira enciclopédia de biodiversidade.
Segundo os viajantes do século XIX que estiveram nas regiões por eles frequentadas, os Maxakali foram os maiores construtores dos barcos que navegaram no Jequitinhonha e suas mulheres as maiores oleiras, as quais seguramente deixaram suas marcas na tradicional olaria da região.
Hoje, as mulheres Maxakali tecem delicadamente sobre suas pernas os fios da casca das imbaúbas que ainda encontram próximas de suas terras, multiplicando texturas, laços, fazendo do tempo uma qualidade sensível, um lugar intenso, uma abertura possível.

Rosângela Pereira de Tugny . para revista Auá
musicóloga, antropóloga, indianista - colaboradora da Auá